#04 Processos criativos do mês
A realidade dos processos criativos — e as incertezas na jornada artística
Tempo estimado de leitura: 6 minutos
Nesta edição mensal de Além da Linha:
Uma reflexão sincera sobre os altos e baixos do processo criativo;
Encontrando o equilíbrio entre criação e descanso após um grande projeto;
A percepção de que conexões pessoais podem ser tão importantes quanto talento;
A busca por caminhos artísticos no mundo offline.
Enquanto ouvia as pessoas ao meu redor conversarem, sentada à mesa designada a mim no mapa de assentos do casamento, senti algo muito profundo que até então não sei nomear. Por alguns segundos, eu só queria chorar.
Naquele dia, enxerguei tudo aquilo que eu poderia ser, mas nunca me permiti.
No dia 3 de maio de 2025, S. e B. se casaram.
E parte de mim despertou.
Tenho pensado muito no que escrever neste email mensal sobre processos criativos. Queria manter a visão mágica das coisas, mas a verdade é que criar nem sempre é mágico. Às vezes, precisamos parar de viver no mundo das ideias e possibilidades e focar em executar. Noutras, precisamos parar tudo para refletir sobre os próximos passos.
E ao longo do último mês, vivi um mix dessas duas coisas: execução e empolgação, junto com uma pausa para reavaliar.
Depois disso, confesso que não estou muito bem — e confesso também que fiquei receosa em compartilhar isso, principalmente porque tenho mais questionamentos do que conclusões. Mas, decidi ser sincera.
A verdade é que ando cheia de dúvidas com relação ao meu trabalho artístico — falo sobre isso mais adiante. E por mais que eu gostasse de dizer que acredito que tudo vai dar certo e que um dia vou “chegar lá”, estou numa fase em que não acredito.
E, bom, “tá tudo bem”. Tenho tentado aceitar isso como um momento chato em meio a tantos outros bons. É um saco, mas faz parte.
Recap criativo
Abril foi um mês importante. Criei a minha primeira imersão de escrita online, exatamente do jeito que queria, sem me colocar em nenhuma caixa. E foi incrível. A ideia, que antes parecia uma loucura, foi validada por mim e por outros seres humanos incríveis. Mas planejar e lançar esse evento foi exaustivo. Precisei de muita energia e coragem para seguir adiante com a ideia.
Por isso, depois do evento, consegui respirar aliviada de novo, e decidi me recompensar com algumas manhãs mais lentas. Pintei, voltei a editar vídeos para o YouTube (postei um vlog fazendo linogravura, outro fazendo cerâmica e outro fotografando com filme em Chiang Mai, e estou terminando de editar o de Quioto, que sai essa semana).
Inclusive, deixo abaixo meus primeiros testes com guache. O primeiro, feito com a ajuda desse tutorial no YouTube, e o segundo, uma péssima ideia: pintar num papel preto, com um meio aquoso, seguindo esse tutorial que usa uma folha branca. Deu “certo”, mas não recomendo.


Reabastecendo a criatividade
Depois, parti para a Itália. Chegamos a Turim no dia 28, poucos dias após a imersão. Fomos para um casamento e ficamos para umas mini férias — apesar de ainda ter trabalhado um pouco.
Lá, me permiti dias mais tranquilos. Fotografei — muito — no analógico (levei 3 rolos de filme pra revelar), reabasteci minha criatividade andando sem rumo por ruas charmosas e visitando a exposição do Henri Cartier-Bresson, e conheci pessoalmente amigas virtuais de mais de 5 anos!





Dúvidas e incertezas
Durante a festa de casamento, conheci G., que me contou que uma amiga havia a convidado para que expor suas fotos de flores, tiradas com o celular, numa galeria na Suíça — e que suas fotos foram todas vendidas. Ela complementou dizendo que agora estava exibindo seu trabalho na ONU, enquanto me mostrava a galeria do seu celular.
Foi nesse momento que entendi a importância de conhecer as pessoas certas. Que finalmente percebi que trabalhar duro pode até te dar alguma visibilidade, mas contatos, nesse universo, pesam muito mais.