#01 Processos criativos do mês
O processo de escrita do meu primeiro livro — da ideia à execução (parte 1)
Tempo estimado de leitura: 15 minutos
Nesta edição:
Por que não publiquei meu livro através de uma editora
Escolhendo o tema do livro
Encontrando um ângulo diferente para abordar um tema comum
Estruturando e delimitando o número de capítulos
Decidindo o que entra e o que sai da obra
Por que não publiquei meu livro com uma editora
Eu sempre sonhei em escrever e publicar um livro. Mas, nunca levei esse sonho muito a sério. Acho que sempre coloquei as profissões artísticas num pedestal, o qual eu nunca conseguiria alcançar.
Mas, em 2019, logo após me tornar Top Voice no LinkedIn, uma editora me abordou para que eu escrevesse um livro com um contrato de publicação. Na época, criei todo o projeto de um livro junto da agente. Era um livro sobre criatividade.
Alguns meses depois, recebi o retorno: ela havia levado meu projeto para a diretoria e eles haviam amado, mas…
não sentiram que eu tinha seguidores o suficiente para (em outras palavras) carregar o lançamento do meu livro nas costas.
Basicamente, eles esperavam que euzinha, basicamente sozinha, trouxesse a maioria dos clientes. Eu, por outro lado, esperava que eles fizessem mais do que só cuspir meu livro no mundo esperando que eu fechasse todas as vendas.
O mercado editorial é bem ridículo.
Antigamente, a gente (escritores) precisava muito de uma editora porque não era muito fácil autopublicar e divulgar nossa obra. Nós precisávamos da divulgação e apoio monetário deles. E por isso, pagávamos caro — recebíamos apenas cerca de 5% dos lucros (!!!) sobre as vendas dos nossos livros.
Porém, hoje, não vejo muita vantagem de ter um livro publicado por uma editora porque, honestamente, eles querem que você faça todo o trabalho de divulgação para eles, e continuam pagando em torno de 5% para autores iniciantes.
É uma tarefa muito mal paga, considerando que eles pegam carona na sua fama e no trabalho que você fez ao longo de anos para construir uma audiência fiel.
Mas, é claro que existem vantagens. É legal ter uma editora grande pedindo pra você publicar com eles. É legal ter eventos de divulgação do livro, encontrar leitores, essa coisa toda. Acho que é, acima de tudo, uma validação de que o que você publica tem valor.
Talvez a Laís adolescente que habita em mim me pedisse para, um dia, aceitar a proposta de uma editora, só para me sentir importante. Talvez isso aconteça, mas talvez eu um dia perceba que não preciso da validação de uma editora para valorizar meu trabalho.
Mas, a questão é que, desde 2019 eu não pensei muito mais nesse livro. Apesar de, na época, ter pensado em ir adiante, publicá-lo sozinha e ter feito muito sucesso para esfregar na cara daqueles executivos engomadinhos, aos poucos, o desejo de vingança foi morrendo. Até 2024, quando todo o conteúdo que ficara represado dentro de mim por anos, precisava de vazão.
Eu precisava criar. Precisava fazer algo de que me orgulhar.
Eu precisava voltar a escrever.
Sobre o que escrever?
Se eu precisasse te confidenciar qual era meu maior desejo no início disso tudo, era esse: lançar um livro com meus ensaios. O problema é que no início de 2024 eu estava extremamente insegura com o que escrevia. Eu tinha apenas recomeçado a escrever, e ainda estava tentando (re)encontrar minha voz.
Eu voltei à newsletter, que foi o que, ao longo de 2024, me deu mais força e autoconfiança. Mas, antes disso, escrever um livro de ensaios parecia impossível. Afinal, quem iria querer comprar um livro com “pensamentos” e “fragmentos de histórias” de uma pessoa tão insignificante?
Afinal, não sei se você percebeu mas, não sou nenhuma Michelle Obama.

Então, como ensaios não eram uma opção, parti para escolhas mais lógicas: o que eu poderia “ensinar”?
Hoje, fico feliz em ver minha evolução com relação ao meu conteúdo e ao valor dele. Já não sinto que preciso — pelo menos não tanto — estar no papel de ensinar para que minha arte tenha valor. Não sinto que preciso “ser mais”. Mas, naquela época, sentia.
Pensei em um livro sobre fotografia, outro sobre escrita, mas não me achava especialmente boa em nenhuma dessas coisas para que eu pudesse ensiná-las.
Então, continuei pensando, num processo que levou meses.
Reduzindo a resistência
A primeira ideia era criar um livro de fotografia, para fotógrafos e modelos, com dicas de poses.
Quando era adolescente, uma das minhas séries favoritas era America’s Next Top Model. Assisti muito aquele programa e aprendi muito sobre ângulos e poses com Tyra Banks. E esse entretenimento fútil me ajudou muito na vida adulta, quando trabalhei como fotógrafa e, por vezes, como modelo.
Eu sabia como me posicionar e posicionar meus clientes em frente à camera, quais poses ficariam boas e quais não. E eu também sabia da dificuldade que muitas pessoas têm pra sair bem na foto ou instruir seus modelos. Então, minha ideia era criar um livro de fotografias explicando os efeitos de cada pose, e mostrando isso tudo na prática, com imagens e anotações.