#02 Processos criativos do mês
Tudo que fiz errado no lançamento do meu primeiro livro — e como defini minha versão de sucesso
Tempo estimado de leitura: 15 minutos
Nesta edição:
As ferramentas que usei para criar o design do meu primeiro livro
A experiência de criar uma capa sozinha — sem ser designer
As plataformas que usei para autopublicar meu livro — vendê-lo no Brasil e no mundo
Minha — péssima — estratégia de divulgação e o que aprendi com ela
Quantas cópias vendi no meu primeiro lançamento
As lições que aprendi com tudo isso e o que faria diferente
Recap
Se você ainda não leu a edição mensal de fevereiro, onde contei como foi o início do processo de escrita do meu primeiro livro, recomendo a leitura aqui.
Nela, falei sobre:
Por que não publiquei meu livro por uma editora
Como escolhi o tema
Encontrando um ângulo diferente para abordar um assunto comum
E otras coisitas.
A segunda parte do processo de autopublicação
Os erros que cometi no lançamento de Criatividade na Prática vieram depois que o livro já estava escrito e revisado. Ou seja, a fase de criação foi relativamente tranquila. Já a parte de publicação e divulgação… bom, aí a história foi outra.
Ainda assim, vou seguir contando tudo em ordem cronológica, destacando os tropeços de cada etapa e o que aprendi com eles.
Vamos lá?!
Diagramando o livro
Aqui, pelo menos, eu acertei.
Usei um software chamado Vellum e achei ótimo para diagramação. Não testei outros, então não sei como ele se compara, mas funcionou muito bem para o que eu precisava.
Nele, dá para ajustar fontes, sumário e fazer algumas formatações básicas. Mas o que eu mais gostei foi a possibilidade de diagramar diferentes versões do livro. Nada me irrita mais do que uma versão para Kindle toda desconfigurada. Então, poder ajustar cada formato individualmente foi ótimo.
Essa etapa, porém, demorou bastante. Primeiro, tive que criar as imagens dos exercícios no Canva, depois inserir no livro e, por fim, adaptar tudo para a versão impressa e digital. Também fiz vários ajustes no texto para evitar que frases ficassem cortadas ou que um bullet point ficasse sozinho em uma página (isso me dá um certo desespero).
Será que tenho TOC?!

Contratando um designer para a capa
Criatividade na Prática foi um projeto pessoal, e todo o investimento saiu do meu bolso. Eu não tinha um orçamento gigantesco, mas também não queria pagar mixaria porque sabia que, nesse caso, eu muito provavelmente não conseguiria o resultado que queria.
Então, na época, publiquei a proposta do projeto no Workana e no 99freelas. Recebi muitas ofertas de R$80, outra de R$2.500, e outra de R$600 — que foi a que aceitei.
O problema? Eu não tinha experiência com esse tipo de trabalho. Nunca tinha contratado ninguém para algo visual e, talvez, eu tenha falhado em comunicar o que eu queria — por medo de ferir os sentimentos da designer (SOS).
As primeiras capas
Quando recebi as primeiras versões...
Bom, desânimo é uma palavra muito leve para como eu estava me sentindo.
As capas estavam muito diferentes do que eu tinha imaginado. Eu sabia que tinha algo errado, mas não conseguia explicar exatamente o quê.
Pedi ajuda para uma amiga designer, que apontou exatamente os problemas em cada uma das versões. Fonte, cores, posicionamento, conceito. Repassei o feedback detalhado, fiz um mockup com um estilo que eu gostava, e recebi uma nova versão…
Eu não gostei. De novo.
Que merda.

E aí veio o grande problema. Eu detesto criticar o trabalho de alguém, ainda mais quando envolve algo artístico, porque sei que muito disso é questão de gosto. Mas, ao mesmo tempo, eu não tinha gostado. De novo. E dizer isso mais uma vez era difícil para mim.
Eu ia ter que pedir para fazer tudo de novo. Mas, ao mesmo tempo, por contrato, só poderia pedir três alterações. A próxima capa que ela enviaria seria a última.
E se eu não gostasse de novo?!
Passei um dia inteiro agonizando. Será que cancelava tudo e fazia eu mesma? Ou insistia, correndo o risco de continuar recebendo algo que não me satisfazia?
No fim, depois de uma sessão de terapia, cheguei à conclusão de que o que me deixaria mais em paz era cancelar o trabalho e fazer a capa eu mesma. Foi foda, porque eu não queria ser esse tipo de cliente. Mas também não queria ser a cliente que pede mil alterações e, no fim, continua insatisfeita.
Eu precisava escolher o que era melhor para mim.
E o melhor para mim era pedir para cancelar o trabalho.
Então, propus que encerrássemos o contrato e que eu pagasse metade do valor. E assim fizemos. Acho que ela me odiou, mas fazer o quê?!
Hoje, olhando para trás, talvez eu devesse ter tido mais paciência e entendido que o processo é cheio de idas e vindas. Mas, ao mesmo tempo, ainda sinto que, apesar de ter sido um “erro”, prefiro a minha versão.
Criando uma capa para o meu próprio livro
Depois de encerrar o contrato com a designer, comecei a fazer a capa eu mesma. O curioso é que o cérebro que acabou virando capa foi justamente uma das ideias que ela ignorou deliberadamente enviei para ela antes de receber a última versão.
Na época, usei o Midjourney para gerar várias imagens diferentes. Gostei de várias (alguns exemplos abaixo), mas a que mais me chamou atenção foi a do cérebro com recortes. Tinha uma vibe do it yourself, que combinava bem com o conceito do livro.



Então, abri o Canva e comecei a criar.
Removi o fundo da imagem do cérebro, pensei na cor que queria e logo decidi pelo amarelo, que é uma cor quente e muito associada à criatividade. Achei uma textura no Canva que lembrava papel com um tom de amarelo do qual gostei. Preferi esse efeito de papel enrugado a um fundo sólido qualquer, porque transmitia mais uma sensação de “manualidade” à capa.
Ajustei o tom e o brilho do fundo para destacar tanto o cérebro quanto o título.
Depois, comecei a procurar por fontes. E essa foi a pior parte. Passei horas tentando combinar diferentes fontes e estilos e posicionar o texto de um jeito que fizesse sentido. Queria que ficasse alinhado, mas sem parecer um bloco pesado, nem assimétrico demais.
Foi tipo resolver uma equação matemática. E eu odeio matemática.
Mas, no fim, gostei do resultado e em algum momento precisei me contentar com o que tinha. E, sinceramente, fiquei feliz por ter feito a capa eu mesma.
Me estressei? Com certeza!
Mas acho que teria me estressado muito mais se tivesse que ficar num vai e volta eterno com a designer que tinha contratado.
Minha — péssima — estratégia de divulgação
Antes de lançar o livro, pensei em entrar em contato com algumas pessoas e enviar cópias gratuitas na esperança de conseguir ajuda na divulgação. E foi exatamente o que fiz.
Mandei cerca de dez livros grátis para conhecidos e também para alguns blogs.
Achei que era uma boa ideia.
Não foi.